Em entrevista à rede de televisão alemã, TV Conflict Zone, o vice presidente Hamilton Mourão disse que o Coronel Brilhante Ustra foi “um homem de honra, que respeita aos direitos humanos e seus subordinados”. Além de falar bem do militar, que viveu na época da Ditadura no Brasil, Mourão afirmou que o governo brasileiro vem lidando muito bem com a crise causada pela pandemia de COVID-19.
“Já curamos mais de 4 milhões de pessoas aqui no Brasil. Portanto, acho que, apesar desse número de casos e de mortes, lidamos muito bem com essa crise pandêmica”, afirmou. No Brasil apenas na sexta-feira, 09 de outubro de 2020, morreram 749 pessoas vítimas da doença que em seu total fez mais de 149 mil vítimas fatais.
Exaltação do antigo regime
Hamilton Mourão disse não concordar com a totura, mas também falou que vê coisas boas que ocorreram no antigo regime. Segundo ele, a Ditadura Militar só poderá ser realmente avaliada daqui a alguns anos. “Eles fizeram coisas muito boas pelo Brasil, e outras coisas não foram tão bem. E isso é história, e a história só pode ser julgada com o passar do tempo”, afirmou.
Repúdio
A fala polêmica do vice presidente causou revolta entre políticos e intelectuais pró direitos humanos no Brasil. O presidente da Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB), Felipe Santa Cruz disse em sua conta no twitter que “Não pairam dúvidas sobre o cometimento do crime de tortura pelo coronel Ustra. Quando alguém lhe presta homenagens, como o fez o vice-presidente Mourão, a pessoa não está negando que ele tenha torturado seres humanos, está apenas revelando que não se importa com isso”.
Além do advogado, que teve seu pai assassinato durante o regime militar, o vereador Gilberto Natalini (PV) também criticou duramente a fala de Mourão. “Ustra foi um torturador cruel e fascínora. Sou testemunha pessoal disso. Fui torturado pessoalmente por ele”, escreveu o paulistano no twitter. E, após ser atacado por defensores do Coronel Ustra, Natalini voltou a repudiar as atitudes dos simpatizantes da tortura. “Adoradores dos torturadores e da tortura são pessoas que abandonaram a raça humana. Defendem monstruosidades”, escreveu.
Marcelo Freixo do Psol também repudiou a fala através de publicação em seu twitter. “Defender torturador é compactuar com a tortura. É um escárnio o vice Mourão dizer que Brilhante Ustra era um homem de honra e que defendia os Direitos Humanos. Ustra foi TORTURADOR! O 1º militar condenado pela Justiça pelo CRIME de TORTURA na ditadura! É isso que ele é!”, escreveu o deputado.
Outros políticos da esquerda brasileira como o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB), a candidata a Prefeitura de Porto Alegre, Manuela D’ávila (PCdoB), os deputados Ivan Valente e Sâmia Bomfim do Psol, e o candidato a Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, também se declarando seus repúdios a fala de Hamilton Mourão.