Inadimplência pode aumentar em 2021 com o fim do auxílio emergencial

Executivos do setor bancário avaliaram que o nível de inadimplência pode subir muito a partir de abril de 2021. Segundo os profissionais, uma das causas é o fim do auxílio emergencial, que culminará na queda da renda de muitos brasileiros. Outro fator que pesa é o vencimento do pagamento de programas de crédito do governo. […]

Executivos do setor bancário avaliaram que o nível de inadimplência pode subir muito a partir de abril de 2021. Segundo os profissionais, uma das causas é o fim do auxílio emergencial, que culminará na queda da renda de muitos brasileiros. Outro fator que pesa é o vencimento do pagamento de programas de crédito do governo.

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Ambos os projetos foram instituídos com o objetivo de diminuir os impactos da crise econômica gerada pela COVID-19. “Acreditamos que haverá um aumento da inadimplência entre o segundo e o terceiro trimestres de 2021. Mas a tendência é que o nível de calote continue controlado, uma vez que agora ele se encontra em patamares menores do que os registrados no período pré-pandemia”, afirmou Romero Albuquerque, diretor de crédito imobiliário do Bradesco.

Por sua vez, o superintendente de negócios do Sicoob, Luciano Ribeiro acredita que o fim dos programas de crédito e auxílio emergencial acontecerá num momento em que o orçamento geral está menor. Sendo assim, haverá uma dificuldade maior em arcar com as dívidas e por isso pode-se haver um aumento na inadimplência.

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“Muitas contas pessoais, como o IPVA e o IPTU, pressionam o bolso dos consumidores [no início do ano]. Além disso, diante do atual cenário macroeconômico, os credores tendem a precificar algumas linhas de forma pós-fixada, ou focar em linhas com garantias, o que sinaliza certa precaução, e pode refletir nos juros na ponta”, afirmou.

Controle da inadimplência em 2020

Para evitar que os brasileiros entrassem em altas dívidas durante a pandemia, os empréstimos bancários foram limitados. Um levantamento do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi), concluiu que 8 de 10 micro e pequenas empresas não conseguiram acesso à crédito em setembro. Mas esta não foi a única solução encontrada.

As instituições financeiras também abriram possibilidades de negociação de dívidas, bem como a prorrogação dessas. As opções variavam conforme a necessidade do cliente, mas abarcavam pessoas físicas e jurídicas afetadas pela pandemia. Contudo, o fim desses programas pode aumentar a inadimplência em 2021.

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“A falta de previsibilidade sobre o que pode acontecer no ambiente macroeconômico deve trazer volatilidade nos preços de crédito. Há a possibilidade de uma pressão inflacionária e nos juros, além de toda uma discussão de temas fiscais. Prevemos alguma volatilidade, mas ainda em patamares confortáveis para a concessão de crédito”, disse o diretor de produtos de crédito do Santander, Cássio Schmitt.

Comparação com 2019

O Banco Central liberou alguns dados acerca das concessões de crédito em 2020. De acordo com a instituição, os números de empréstimos subiram apenas 0,34% em outubro, comparando com o mesmo mês em 2019. Já a inadimplência teve uma queda de 0,6 ponto percentual. Enquanto os juros totais do mercado caíram 4,8 pontos percentuais.

Dessa forma, o assessor econômico da FecomerciosP (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado de São Paulo), André Sacconato, constata que o mercado está otimista.

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“Muita gente perdeu o emprego, mas muitas pessoas também evitaram gastar ao longo deste ano, o que abre espaço para crescimento. Devemos ter uma onda de manutenção no começo do ano, mas a expectativa é de uma retomada do mercado de crédito”, afirmou Sacconato.