Número de mediações trabalhistas aumentam por causa do coronavírus

Com o isolamento social, por causa da COVID-19, conflitos entre empregados e empregadores fez crescer a quatidade de mediações trabalhistas no sul do país.

A pandemia de coronavírus está afetando vários pontos da vida cotidiana, um deles é relacionado a empregos. O agravamento da crise causada pela doença aumentou o número de mediações trabalhistas no sul do Brasil. Em março, no estado do Rio Grande do Sul, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) apresentou um crescimento de 156% sobre os processos anteriores às medidas de isolamento social.

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“Inicialmente, apareceram mediações para tratar de questões básicas de trabalho, como fornecimento de álcool gel e máscaras aos trabalhadores. Agora, estão vindo mais questões relativas às dificuldades econômicas enfrentadas pelas empresas”, afirmou Francisco Rossal, vice-presidente do TRT-RS. O desembargador explicou que a maioria dos conflitos trabalhistas tinha a ver com adoção de medidas protetivas ou demissões coletivas. Tantas outras estavam relacionadas a redução da carga horária de trabalho ou suspensão de contratos.

Por exemplo, a Central Única dos Trabalhadores rio-grandense foi atrás de conseguir equipamento de proteção individual para funcionários de supermercado e farmácias. Bem como outras medidas de distanciamento entre clientes e funcionários de forma segura. Agora foi aberta uma nova mediação para discutir o impacto econômico da COVID-19 no estado.

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O presidente da Central, Amarildo Cenci, falou sobre o objetivo de manter os empregos o máximo que puderem. “Queremos montar uma estratégia para termos o mínimo de desemprego possível. Nos surpreende que muitas empresas tenham acesso a recursos e, quando veio a pandemia, passaram simplesmente a demitir as pessoas, sem compromisso nenhum com elas”, completou.

Mais casos e mediações trabalhistas

Até a última quinta-feira (23) houve 11 mediações trabalhistas por medidas protetivas, oito acerca de demissões coletivas e três relacionadas a redução de jornada e salário. A crise do coronavírus tem causado a demissão de metalúrgicos, trabalhadores da indústria calçadista e profissionais da área da saúde. Bem como a redução salarial de funcionários rodoviários, de salões de beleza e do comércio.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande recorreu ao Tribunal de Justiça para evitar que funcionários fossem demitidos em três empresas. Posteriormente, o resultado obtido foi de contornar o problema “estabelecendo três turnos, com redução de pessoal em cada horário e acordando medidas de proteção à saúde dos trabalhadores”, segundo o vice-presidente do sindicato, Sadi Machado. Dessa forma conseguiram preservar 500 empregos e priorizar a recontratação de mais de 200 funcionários demitidos após a crise.

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Rossal conta que costumava lidar com duas mediações trabalhistas por semana, mas nas últimas semanas o número subiu para 14. A estimativa é de que os processos abertos atingam mais de 200 mil trabalhadores do Rio Grande do Sul. O desembargador ainda acredita que a tendência das demanadas é aumentar com o progresso da pandemia.