Cientistas criam relógio do envelhecimento que prevê doenças

Estudiosos da Stanford University School of Medicine (Escola de Medicina da Universidade de Stanford) criaram um relógio de envelhecimento inflamatório. A ferramenta mostra a força do seu sistema imunológico e prevê quando ele começará a ficar mais frágil. Por exemplo, o aparelho consegue dizer se você tem algum problema cardiovascular invisível, ou seja, que ainda […]

Estudiosos da Stanford University School of Medicine (Escola de Medicina da Universidade de Stanford) criaram um relógio de envelhecimento inflamatório. A ferramenta mostra a força do seu sistema imunológico e prevê quando ele começará a ficar mais frágil. Por exemplo, o aparelho consegue dizer se você tem algum problema cardiovascular invisível, ou seja, que ainda não se tornou uma doença.

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Esse relógio foi construído junto com pesquisadores do Instituto Buck para Pesquisa do Envelhecimento (Buck Institute for Research on Aging). Durante as pesquisas, os cientistas descobriram uma substância transmitida pelo sangue que pode acelerar o envelhecimento cardiovascular se existir em abundância. O processo para chegar a esse instrumento foi publicado no dia 12 de julho de 2021 na revista Nature Aging.

Cada sistema imunológico envelhece num ritmo

“Todos os anos, o calendário nos diz que somos um ano mais velhos, mas nem todos os humanos envelhecem biologicamente no mesmo ritmo. Você vê isso na clínica, alguns idosos são extremamente propensos a doenças, enquanto outros são a imagem da saúde”, disse David Furman, PhD, autor sênior do estudo do relógio de envelhecimento.

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Segundo ele, essa divergência no processo de envelhecimento se dá por causa das diferentes taxas de declínio do sistema imunológico de cada pessoa. Furman explicou que o sistema imunológico é uma coleção de células, substâncias e estratégias do corpo que servem para lidar com ameaças ao organismo. Assim, ele dá uma resposta de resistência e reparo rápida, intensa, localizada e de curto prazo que é conhecida como inflamação aguda.

Essa é considerada uma “boa inflamação”, que causa a reação uma reação imune, faz seu trabalho e logo desaparece. Já a “má inflamação” começa a se manifestar de forma generalizada pelo corpo inteiro à medida que envelhecemos. De acordo com Furman, ela é sistêmica e crônica, causando danos aos órgãos. Sendo assim, a pessoa fica mais suscetível a doenças que atingem todos os sistemas do organismo, como câncer, ataques cardíacos, derrames, neurodegeneração e doenças autoimunes.

O pesquisador afirmou que, até agora, não existiam métricas para avaliar o estado inflamatório das pessoas com precisão. Ou seja, não havia como prever problemas clínicos nem maneiras de evitá-los. No entanto, o estudo realizado entre Stanford e o Instituto Buck gerou o relógio de envelhecimento, que calcula todos esses pontos.

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1.001 pessoas participaram da pesquisa

Para fazer o Immunomes Project acontecer, entre 2009 e 2016, os cientistas coletaram 1.001 amostras de sangue de pessoas com idades de oito até 96 anos de idade. Os exemplares foram analisados, visando determinar:

  • Os níveis de proteínas de sinalização imunológica chamadas citocinas;
  • O estado de ativação de numerosas tipos de células em respostas a vários estímulos; e
  • Os níveis gerais de atividade de milhares de genes em cada uma dessas células.

Por meio de uma inteligência artificial, foi possível reduzir todos os dados obtidos e condensá-los no relógio de envelhecimento inflamatório. Assim, os pesquisadores descobriram que as citocinas são as principais preditoras da idade inflamatória.

Isso porque, os níveis dessas proteínas unidas a um algoritmo complexo geraram uma pontuação inflamatória que acompanhou bem a resposta imunológica de uma pessoa. Esse número demonstra qual é a probabilidade de qualquer doença relacionada ao envelhecimento acontecer.

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Relógio do envelhecimento pode ajudar em tratamentos precoces

A partir das análises, Furman e seus parceiros conseguiram perceber que a substância CXCL9 contribui mais para calcular a idade inflamatória do que outros componentes sanguíneos. De acordo com o estudo, essa citocina é se secretada por certas células do sistema imunológico, visando atrair outras células do sistema imunológico para o local de uma infecção.

Os estudiosos perceberam que os níveis da CXCL9 começam a subir vertiginosamente, em média, após os 60 anos. A pesquisa também procurou sinais sutis de deterioração cardiovascular entre pessoas de 25 e 90 anos de idade a partir de um teste sensível de rigidez arterial atrelado a altas pontuações de idade inflamatória e altos níveis de CXCL9.

A partir disso, os cientistas descobriram que essa citocina específica é secretada também pelas células das paredes dos vasos sanguíneos. Eles viram que, com a idade avançada, a proteína aumenta nas paredes dos vasos, deixando-as mais rígidas e impedindo o movimento de contração e dilatação. Os pesquisadores concluíram que a inibição da CXCL9 pode ser eficaz na redução do risco de doenças cardiovasculares em indivíduos predispostos a elas.

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“A capacidade do nosso relógio de envelhecimento inflamatório de detectar o envelhecimento cardiovascular acelerado subclínico indica seu potencial impacto clínico. Todos os distúrbios são tratados melhor quando são tratados precocemente”, disse Furman.